Para tentar mostrar que a novidade não é uma aventura e que ele tem experiência administrativa e capacidade de gestão, Campos repisou o que considera os melhores feitos de seus oito anos como governador. No discurso, repetiu pelo menos três vezes o mantra “Fiz em Pernambuco e vou fazer no Brasil”, ao apresentar propostas como a garantia de ensino em tempo integral para todos os alunos e a realização de um “pacto pela vida” – programa semelhante ao feito no estado, para reduzir a cada ano o número de mortes violentas.
A convenção também mostrou que a campanha de Campos reforçará a presença de Marina Silva. No banner atrás do palco, os nomes e as fotos dos dois candidatos apareciam lado a lado, e com o mesmo tamanho. Para chamar Marina ao púlpito, o mestre de cerimônias foi dispensado pelo candidato, que pegou Marina pela mão e a levou ao centro do palco. A vice discursou por cerca de 30 minutos, 10 a mais que o pernambucano. No jingle apresentado ontem, em ritmo de samba-rap, o refrão diz “coragem pra mudar o Brasil, eu vou com Eduardo e Marina”, colocando os dois em pé de igualdade. Pesquisas internas elaboradas pela coordenação de campanha indicam que as intenções de voto crescem quando Marina é apresentada como vice na chapa.
Para reforçar o distanciamento da richa PT-PSDB, Eduardo Campos também fez questão de repetir o lema “nós vamos unir o Brasil”. “Só o Brasil unido vai conseguir enfrentar os grandes desafios que permanecem”, disse, repetindo como uma oração a cada uma das várias promessas elencadas. O vídeo institucional exibido antes dos discursos também frisou os 20 milhões de votos obtidos por Marina na disputa presidencial de 2010, além da relação dela com o líder ambientalista Chico Mendes. No caso de Campos, a peça publicitária enfatizou sua gestão em Pernambuco e sua passagem pelo governo Lula, como titular da pasta de Ciência e Tecnologia. O ex-presidente chega a aparecer no vídeo na ocasião da posse de Campos.
Ao mesmo tempo em que criticaram a gestão Dilma, tanto Campos quanto Marina evitaram confrontar diretamente o ex-presidente. A ex-ministra do Meio Ambiente chegou a citar um acordo firmado entre ela e Campos, quando ele também era ministro, para enfrentar o desmatamento. Marina encerrou a fala com um poema, de própria autoria, que versava sobre verdade e coragem.
Crise Em quase meia hora de discurso, Marina elogiou várias vezes o companheiro de chapa e negou qualquer “ingrisia” entre ela e Campos. “Amei essa palavra que ele tanto fala, agora uso-a o tempo todo”, disse. Marina também gracejou dizendo que a “maior crise” da aliança ocorreu quando um assessor serviu a Eduardo Campos, por engano, o prato com a refeição dela. “Aí ele disse: eu discuto tudo, coloco o que você quiser no programa, mas comer a comida de Marina nunca. A aliança acaba.” Marina segue uma dieta especial, muito restrita, por conta de problemas de saúde. Aos desavisados, pareceu que as referências à crise se deram porque no começo do mês Marina criticou a decisão do PSB de apoiar a campanha de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo.
Ocorrida no mesmo dia em que a Seleção Brasileira se classificou para as quartas de final da Copa, a festa de Marina e Campos primou pelo verde e amarelo, espalhado pelo cenário e pelas bandeiras dos militantes. O jogo também fez com que Campos encurtasse o discurso. “Da parte da Rede houve protesto (contra a data escolhida). Mas o PSB já tinha o congresso deles marcado aqui em Brasília amanhã (hoje)”, disse um nome da Rede no DF. Em dia de jogo, até o bordão com o xingamento a Dilma ganhou nova versão: “Ei, Dilma! Sai pra entrar Dudu”. A convenção terminou meia hora antes do pontapé inicial entre Brasil e Chile.
Via EM
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